quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Resumo Expandido submetido ao 1º Seminário sobre Políticas e Práticas Inclusivas: a inclusão da pessoa com deficiência sob diversos olhares.


POSSIBILIDADES DE ADAPTAÇÃO DE ATIVIDADES DE LÍNGUA INGLESA PARA ALUNOS COM DEFICIÊNCIA NO ENSINO FUNDAMENTAL
Rafael PAULINO[1]
Angélica MAIA[2]

INTRODUÇÃO
            Um dos focos do subprojeto PIBID Letras-Inglês na Universidade Federal da Paraíba para o Ensino fundamental é o trabalho de ensino de língua inglesa (doravante LI) para os alunos com necessidade especiais da escola municipal atendida. Assim, desde o início do ano letivo 2015, 7 bolsistas realizaram atividades e avaliações em sala se aula e fora dela para facilitar o aprendizado de inglês para esse público. Esse trabalho tem como foco discutir a importância das adaptações realizadas para o aprendizado do aluno com deficiência na disciplina de LI, além de analisar se as atividades propostas contemplam o que está proposto no PCN Adaptações Curriculares (1998).

PROBLEMATIZAÇÃO E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
            Essa pesquisa se apoia nos Parâmetros Curriculares Nacionais – Adaptações Curriculares – Estratégias para a educação de alunos com necessidades especiais de 1998, onde se afirma a importância de medidas adaptativas como recurso que favorece e permite a efetiva participação e integração dos alunos com deficiência. As metodologias, as atividades e a maneira de contextualizar os assuntos em sala são vistos como indispensáveis na aquisição dos conteúdos que fazem o currículo escolar. De acordo com Coll (1996) o currículo é um elo “(...) entre teoria educacional e prática pedagógica, entre o planejamento e a ação, entre o prescrito e o que sucede nas salas de aula” (p.33).  O processo pedagógico deve ser flexível, priorizando a sequenciação ou eliminação de elementos específicos para atender às necessidades individuais de cada estudante. Carvalho (2012) afirma que as adaptações curriculares consistem em modificações espontaneamente realizadas pelos professores e incluem também todas as estratégias intencionalmente organizadas a fim de obter êxito por parte dos alunos. Autores como Drago, Silveira e Bravo (2013) também advogam em defesa das adaptações e destacam que o professor deve ter o conhecimento sobre seu aluno para que possa tomar decisões que promovam a inclusão real desses alunos.

METODOLOGIA
Em termos de metodologia, a investigação toma como corpus de análise as atividades e avaliações propostas pelos bolsistas PIBID que atuaram nessa escola em 2015, e busca identificar nas atividades fragmentos que dizem respeito aos aspectos explicitados no PCN Adaptações Curriculares. A partir dos fragmentos destacados, busca-se interpretar como as adequações estão colaborando no processo de ensino e aprendizagem de Inglês para os alunos com deficiência.  Serão analisadas 3 atividades e avaliações produzidas e executadas pelos bolsistas durante o primeiro semestre de 2015. As atividades e avaliações foram produzidas com base no que é proposto nos documentos oficiais, para atender a um grupo de 7 alunos portadores de deficiência, distribuídos no 6, 7 ,8 e 9 anos da escola municipal onde o subprojeto é desenvolvido. Esses alunos apresentam deficiências variadas, sendo 2 portadores de Síndrome de Down, 2 com deficiência mental, 1 com transtorno emocional leve, 1 com autismo e outro com perda auditiva.
RESULTADOS
            A seguir, apontaremos fragmentos das atividades e avaliações que condizem com o que está previsto nos PCN:
Trecho do PCN: “As metodologias, as atividades e os procedimentos de ensino são organizados e realizados levando-se em conta o nível de compreensão e a motivação dos alunos; os sistemas de comunicação que utilizam, favorecendo a experiência, a participação e o estímulo à expressão” (p. 43)
Trecho da atividade proposta:

TRECHO DA ATIVIDADE
COMENTÁRIO
Fragmento de avaliação
Ano: 6º
Tema : Food
Nesta questão é possível perceber que o bolsista se preocupa com o conhecimento prévio do aluno, pois mesmo depois de trabalhar o conteúdo, ele pede para que o aluno escreva algo que ele já sabe, ou seja, favorece a conhecimento de mundo do aluno.
Fragmento de avaliação
Ano: 8º

Tema: Natural Disasters
Antes que a bolsista  fizesse esta pergunta, na questão 1 foram apresentados 6 fenômenos naturais e suas definições. Então o aluno foi questionado de uma forma que ele poderia responder a partir do seu conhecimento de mundo e fazendo a relação do tema com o seu contexto sociocultural e geográfico (Brasil).
Fragmento de atividade
Ano: 9º A

Tema: Emoticons
Neste trecho da atividade o bolsista, depois de trabalhar os emoticons Happy e Sad com a aluna,  encerra a atividade questionando como aluna está. Esta deve desenhar o emoticon que representa seu estado. Neste caso, a aluna está sendo estimulada a expressar suas próprias emoções
QUADRO 1: Trecho das atividades e comentários a cerca das propostas dos PCN – atividades e procedimentos.

Trecho do PCN: Mudar a temporalidade dos objetivos, conteúdos e critérios de avaliação, isto é, considerar que o aluno com necessidades especiais pode alcançar os objetivos comuns ao grupo, mesmo que possa requerer um período mais longo de tempo (p.51)

Fragmento de avaliação
TRECHO DA ATIVIDADE
COMENTÁRIO
Ano: 7º
Tema: Countable and Uncountable nouns









Now answer the questions.
A)        How many bananas do we have?
_______________________
B)     How many books can we count?
_______________________
C)     How many cars can we see?
_______________________
D)       How many pens are there?
_______________________
E)     Can we count all the things we saw in the pictures?
(   ) Yes                       (   ) No

F)       Do they have a plural form?
(   ) Yes                       (   ) No
G) So these things are
 (    ) countable  (    )uncountable

Partindo da necessidade que o aluno com deficiência apresenta, neste caso a síndrome de down, o bolsista escolheu apenas 4 figuras para exemplificar ao aluno a diferença entre  countable  e uncountable (palavras contáveis e incontáveis). Neste aspecto, leva em consideração a complexidade do conteúdo, fragmentando-o em benefício do aprendizado do aluno. Assim, as questões propostas vão pouco a pouco levando o bolsista a observar que pode contar os objetos nas imagens, que eles têm uma forma plural, para então classificá-los como contáveis.
Ano: 9º
Tema: Emoticons
Enquanto a turma foi apresentada a diversos emoticons, para não confundir a aluna com diversas informações simultâneas, o bolsista optou por apresentar apenas dois emoticons, para não confundir a aluna.
QUADRO 2: Trecho das atividades e comentários a cerca das propostas dos PCN – temporalidade dos objetivos

Trecho do PCN: Suprimir objetivos e conteúdos curriculares que não possam ser alcançados pelo aluno em razão de sua(s) deficiência(s) substituí-los por objetivos e conteúdos acessíveis, significativos e básicos, para o aluno (p. 50).

TRECHO DA ATIVIDADE
COMENTÁRIO
Fragmento de atividade
Ano: 9º A

Tema: Television
Nesta atividade o bolsista em decorrênciada complexidade do conteúdo abordado pelo livro didático – a mesma temática estava sendo trabalhada pela turma e o texto trabalhado também referia-se ao Bob Esponja -  o mesmo excluiu o que o que não estava viável a aprendizagem da aluna, criando algo significativo e que a mesma conseguisse realizar, de forma a atender a uma necessidade individual da aluna.
Quadro 3 - Trecho das atividades e comentários a cerca das propostas dos PCN – supressão e substituição de conteúdos.
            De forma geral, após analisarmos as atividades e avaliações propostas em paralelo ao PCN, podemos perceber que:
a) as adaptações nas atividades são essenciais para o aprendizado dos alunos especiais. Elas são sem dúvida, a maneira mais coerente de integrá-los no que esta sendo proposto no currículo.
b) O conhecimento de mundo dos alunos não devem ser ignorados e sim valorizados nas atividades propostas de forma a mostrar-lhes que seus conhecimentos são importantes.
c) As dificuldades de cada aluno devem ser identificadas para que a atividade possa ser melhor elaborada, ou seja, os conteúdos bem organizados, de forma que o aluno consiga compreendê-lo. Pode-se, inclusive excluir alguns conteúdos, caso seja necessário ou fragmentar as informações para ir aos poucos construindo os conceitos com os alunos..
d) As avaliações devem ser consideradas momentos de aprendizagem e de revisão, e devem servir para consolidar os conhecimentos trabalhados em tarefas anteriores similares.
e) A significação do conteúdo abordado para o aluno deve ser cuidadosamente observada pelo professor, para que as atividades propostas atendam às especificidades e estejam de acordo com as capacidades de cada aluno.

CONCLUSÃO
            Os dados analisados indicam que as atividades produzidas para os alunos com necessidades especiais nas aulas de língua inglesa levaram em consideração aspectos importantes dos PCN – adaptações curriculares, o que pode ser considerado um avanço em relação às atividades costumeiramente propostas aos alunos especiais nas aulas de LI dessa escola.
            Espera-se que essa pesquisa contribua para o entendimento dos desafios atuais da inclusão de alunos com necessidades especiais no ensino fundamental regular, particularmente no que se refere à disciplina de língua inglesa, com destaque para a importância do planejamento de atividades que contemplem as necessidades de cada um desses alunos, abrindo possibilidades para o desenvolvimento de ações curriculares que transformem a forma como eles são vistos e tratados dentro da sala de aula, como previsto na lei.

Referências
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. Adaptações Curriculares. Secretaria de Educação Fundamental. Secretaria de Educação Especial. Brasilia: 1998 .
CARVALHO, R. E.Escola inclusiva: a reorganização do espaço pedagógico.5 ed. Porto Alegre. Mediação, 2012.
COLL, C. Psicologia e currículo: uma aproximação psicopedagógica à elaboração do currículo escolar. São Paulo: Ática, 1996.

DRAGO, Rogério et al. (Org.). Síndromes: conhecer, planejar e incluir. 2 ed. Rio de Janeiro. Wak Editora, 2013.






[1] Licenciando Letras-Inglês – CCHLA – UFPB/ Bolsista  CAPES/PIBID
[2] Professora Doutora do Departamento de Letras Estrangeiras Modernas da UFPB/ Coordenadora do subprojeto Letras-Inglês – CAPES/PIBID.

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