POSSIBILIDADES DE ADAPTAÇÃO DE ATIVIDADES DE LÍNGUA
INGLESA PARA ALUNOS COM DEFICIÊNCIA NO ENSINO FUNDAMENTAL
Rafael PAULINO[1]
Angélica MAIA[2]
INTRODUÇÃO
Um dos focos do subprojeto PIBID
Letras-Inglês na Universidade Federal da Paraíba para o Ensino fundamental é o
trabalho de ensino de língua inglesa (doravante LI) para os alunos com
necessidade especiais da escola municipal atendida. Assim, desde o início do
ano letivo 2015, 7 bolsistas realizaram atividades e avaliações em sala se aula
e fora dela para facilitar o aprendizado de inglês para esse público. Esse
trabalho tem como foco discutir a importância das adaptações realizadas para o
aprendizado do aluno com deficiência na disciplina de LI, além de analisar se
as atividades propostas contemplam o que está proposto no PCN Adaptações
Curriculares (1998).
PROBLEMATIZAÇÃO E FUNDAMENTAÇÃO
TEÓRICA
Essa pesquisa se apoia nos
Parâmetros Curriculares Nacionais – Adaptações Curriculares – Estratégias para
a educação de alunos com necessidades especiais de 1998, onde se afirma a
importância de medidas adaptativas como recurso que favorece e permite a
efetiva participação e integração dos alunos com deficiência. As metodologias,
as atividades e a maneira de contextualizar os assuntos em sala são vistos como
indispensáveis na aquisição dos conteúdos que fazem o currículo escolar. De
acordo com Coll (1996) o currículo é um elo “(...) entre teoria educacional e
prática pedagógica, entre o planejamento e a ação, entre o prescrito e o que
sucede nas salas de aula” (p.33). O
processo pedagógico deve ser flexível, priorizando a sequenciação ou eliminação
de elementos específicos para atender às necessidades individuais de cada
estudante. Carvalho (2012) afirma que as adaptações curriculares consistem em
modificações espontaneamente realizadas pelos professores e incluem também
todas as estratégias intencionalmente organizadas a fim de obter êxito por
parte dos alunos. Autores como Drago, Silveira e Bravo (2013) também advogam em
defesa das adaptações e destacam que o professor deve ter o conhecimento sobre
seu aluno para que possa tomar decisões que promovam a inclusão real desses
alunos.
METODOLOGIA
Em
termos de metodologia, a investigação toma como corpus de análise as atividades
e avaliações propostas pelos bolsistas PIBID que atuaram nessa escola em 2015,
e busca identificar nas atividades fragmentos que dizem respeito aos aspectos
explicitados no PCN Adaptações Curriculares. A partir dos fragmentos
destacados, busca-se interpretar como as adequações estão colaborando no
processo de ensino e aprendizagem de Inglês para os alunos com
deficiência. Serão analisadas 3
atividades e avaliações produzidas e executadas pelos bolsistas durante o primeiro
semestre de 2015. As atividades e avaliações foram produzidas com base no que é
proposto nos documentos oficiais, para atender a um grupo de 7 alunos
portadores de deficiência, distribuídos no 6, 7 ,8 e 9 anos da escola municipal
onde o subprojeto é desenvolvido. Esses alunos apresentam deficiências variadas,
sendo 2 portadores de Síndrome de Down, 2 com deficiência mental, 1 com
transtorno emocional leve, 1 com autismo e outro com perda auditiva.
RESULTADOS
A seguir, apontaremos fragmentos das
atividades e avaliações que condizem com o que está previsto nos PCN:
Trecho
do PCN: “As metodologias, as atividades e os procedimentos de ensino são
organizados e realizados levando-se em conta o nível de compreensão e a
motivação dos alunos; os sistemas de comunicação que utilizam, favorecendo a
experiência, a participação e o estímulo à expressão” (p. 43)
Trecho
da atividade proposta:
TRECHO
DA ATIVIDADE
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COMENTÁRIO
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Fragmento de avaliação
Ano: 6º
Tema : Food
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Nesta questão é possível
perceber que o bolsista se preocupa com o conhecimento prévio do aluno, pois mesmo
depois de trabalhar o conteúdo, ele pede para que o aluno escreva algo que
ele já sabe, ou seja, favorece a conhecimento de mundo do aluno.
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Fragmento de avaliação
Ano: 8º
Tema: Natural Disasters
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Antes que a bolsista fizesse esta pergunta, na questão 1 foram
apresentados 6 fenômenos naturais e suas definições. Então o aluno foi
questionado de uma forma que ele poderia responder a partir do seu
conhecimento de mundo e fazendo a relação do tema com o seu contexto
sociocultural e geográfico (Brasil).
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Fragmento de atividade
Ano: 9º A
Tema: Emoticons
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Neste trecho da atividade o
bolsista, depois de trabalhar os emoticons Happy e Sad com a aluna, encerra a atividade questionando como aluna
está. Esta deve desenhar o emoticon
que representa seu estado. Neste caso, a aluna está sendo estimulada a
expressar suas próprias emoções
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QUADRO
1: Trecho das atividades e comentários a cerca das propostas dos PCN –
atividades e procedimentos.
Trecho
do PCN: Mudar a temporalidade dos objetivos, conteúdos e critérios de
avaliação, isto é, considerar que o aluno com necessidades especiais pode
alcançar os objetivos comuns ao grupo, mesmo que possa requerer um período mais
longo de tempo (p.51)
Fragmento
de avaliação
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TRECHO
DA ATIVIDADE
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COMENTÁRIO
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Ano: 7º
Tema: Countable and
Uncountable nouns
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Now answer the questions.
A)
How many bananas do we have?
_______________________
B) How many books can we count?
_______________________
C) How many cars can we see?
_______________________
D) How many pens are there?
_______________________
E) Can we count all the things we saw in the pictures?
( ) Yes ( ) No
F) Do they have a plural form?
( ) Yes ( ) No
G) So these things are
( ) countable (
)uncountable
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Partindo da necessidade que o
aluno com deficiência apresenta, neste caso a síndrome de down, o bolsista
escolheu apenas 4 figuras para exemplificar ao aluno a diferença entre countable e uncountable
(palavras contáveis e incontáveis). Neste aspecto, leva em consideração a
complexidade do conteúdo, fragmentando-o em benefício do aprendizado do
aluno. Assim, as questões propostas vão pouco a pouco levando o bolsista a
observar que pode contar os objetos nas imagens, que eles têm uma forma
plural, para então classificá-los como contáveis.
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Ano: 9º
Tema: Emoticons
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Enquanto a turma foi
apresentada a diversos emoticons,
para não confundir a aluna com diversas informações simultâneas, o bolsista
optou por apresentar apenas dois emoticons,
para não confundir a aluna.
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QUADRO
2: Trecho das atividades e comentários a cerca das propostas dos PCN –
temporalidade dos objetivos
Trecho
do PCN: Suprimir objetivos e conteúdos curriculares que não possam ser
alcançados pelo aluno em razão de sua(s) deficiência(s) substituí-los por
objetivos e conteúdos acessíveis, significativos e básicos, para o aluno (p.
50).
TRECHO
DA ATIVIDADE
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COMENTÁRIO
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Fragmento de atividade
Ano: 9º A
Tema: Television
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Nesta atividade o bolsista em
decorrênciada complexidade do conteúdo abordado pelo livro didático – a mesma
temática estava sendo trabalhada pela turma e o texto trabalhado também referia-se
ao Bob Esponja - o mesmo excluiu o que
o que não estava viável a aprendizagem da aluna, criando algo significativo e
que a mesma conseguisse realizar, de forma a atender a uma necessidade
individual da aluna.
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Quadro
3 - Trecho das atividades e comentários a cerca das propostas dos PCN –
supressão e substituição de conteúdos.
De
forma geral, após analisarmos as atividades e avaliações propostas em paralelo
ao PCN, podemos perceber que:
a) as adaptações nas
atividades são essenciais para o aprendizado dos alunos especiais. Elas são sem
dúvida, a maneira mais coerente de integrá-los no que esta sendo proposto no
currículo.
b) O conhecimento de
mundo dos alunos não devem ser ignorados e sim valorizados nas atividades
propostas de forma a mostrar-lhes que seus conhecimentos são importantes.
c) As dificuldades de
cada aluno devem ser identificadas para que a atividade possa ser melhor
elaborada, ou seja, os conteúdos bem organizados, de forma que o aluno consiga
compreendê-lo. Pode-se, inclusive excluir alguns conteúdos, caso seja
necessário ou fragmentar as informações para ir aos poucos construindo os
conceitos com os alunos..
d) As avaliações devem
ser consideradas momentos de aprendizagem e de revisão, e devem servir para
consolidar os conhecimentos trabalhados em tarefas anteriores similares.
e) A significação do
conteúdo abordado para o aluno deve ser cuidadosamente observada pelo
professor, para que as atividades propostas atendam às especificidades e
estejam de acordo com as capacidades de cada aluno.
CONCLUSÃO
Os dados analisados indicam que as
atividades produzidas para os alunos com necessidades especiais nas aulas de
língua inglesa levaram em consideração aspectos importantes dos PCN –
adaptações curriculares, o que pode ser considerado um avanço em relação às
atividades costumeiramente propostas aos alunos especiais nas aulas de LI dessa
escola.
Espera-se que essa pesquisa
contribua para o entendimento dos desafios atuais da inclusão de alunos com
necessidades especiais no ensino fundamental regular, particularmente no que se
refere à disciplina de língua inglesa, com destaque para a importância do
planejamento de atividades que contemplem as necessidades de cada um desses
alunos, abrindo possibilidades para o desenvolvimento de ações curriculares que
transformem a forma como eles são vistos e tratados dentro da sala de aula,
como previsto na lei.
Referências
BRASIL.
Parâmetros Curriculares Nacionais. Adaptações Curriculares. Secretaria de
Educação Fundamental. Secretaria de Educação Especial. Brasilia: 1998 .
CARVALHO, R. E.Escola inclusiva: a reorganização do espaço pedagógico.5 ed. Porto
Alegre. Mediação, 2012.
COLL, C. Psicologia
e currículo: uma aproximação psicopedagógica à elaboração do currículo
escolar. São Paulo: Ática, 1996.
DRAGO, Rogério et al. (Org.). Síndromes: conhecer, planejar e incluir. 2 ed. Rio de Janeiro. Wak
Editora, 2013.
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